Metodologias de design não são a Bíblia Sagrada
Não é o que você aprendeu no curso de formação de UX que vai definir a qualidade do seu trabalho.
Fransuel Nascimento
Não é o que você aprendeu no curso de formação de UX que vai definir a qualidade do seu trabalho.

Calma. Antes de começar o texto, é preciso afirmar com contundência que é preciso SIM que você não apenas saiba, masDOMINEas técnicas de design aplicas a UX, ok? Ok.
Dito isto, é preciso ir para o próximo passo: interpretar a metodologia para que você consiga extrair os melhores resultados possíveis para os seus projetos. Como fazer isso?
De novo, vamos começar do começo
Como designer que passou anos em publicidade, é absolutamente normal ouvir obriefinge já imaginar as propostas a serem levadas para o cliente. Se você é um designer de “longa data”, já sabe que essa é uma prática comum para “economizar tempo” e deixar o cliente “mais feliz”.
Com experiências digitais essa lógica nunca funciona.Aliás, o principal exercício a ser feito pelos designers deve ser feito justamente aí, no começo do projeto: esquecer tudo o que você alegadamente sabe sobre o assunto.
É muito fácil ser um curioso em cases que você não tem a mínima ideia do que seja. Fazer projetos em áreas que você tem ampla experiência, por sua vez, exige um desapego que poucos conseguem exercitar.
Ok, eu já vi isso algumas vezes, mas o que funcionou no passado pode não funcionar nessa — a primeira afirmação a ser feita nesse caso.
Infelizmente, muitas vezes nos damos conta de que realmente o raio não cai duas vezes no mesmo lugar quando somos vítimas do retrabalho que nós mesmos causamos. Triste, não é? Isso geralmente acontece por dois motivos: acreditar que já sabemos algo que não pesquisamos adequadamente e seguir à risca a metodologia de design. Do primeiro, eu já falei. Agora vamos falar do segundo item.
O que as metodologias dizem x o que elas não dizem
Metodologias de design partem do macro, para depois entrar no micro. Ou seja: que resultado eu preciso ter e como eu faço para alcançá-lo. O resultado nunca se trata da tecnologia usada para solucionar o problema, mas a solução em si.
Essa é a primeira armadilha que a metodologia impõe aos designers: sua solução nem sempre é tecnológica, ou pior, sua proposta tecnológica pode não servir pra nada. E isso acontece quando deixamos de projetar para pessoas e projetamos para nós mesmos, e isso é muito tentador no cotidiano do profissional de UX.
Às vezes quando projetamos para o nosso próprio ego, o fazemos apoiados pela metodologia de design.Metodologias não garantem que o processo seja centrado em pessoas, é papel do designer garantir isso.
Questionar os próprios achismos e não se apaixonar pela solução é um desafio diário. Você pode até montar um lindo case com a metodologia aplicada, mas está mesmo criando uma solução que faz a diferença?Não podemos vender uma culturafail fastse tentamos maquiar o erro e fazê-lo passar por acerto.
Metodologias são como remédios
Remédios servem para ministrar a cura, mas na dosagem errada podem ser ineficazes ou agravar o problema. O foco na hora de aplicar qualquer metodologia deve ser o problema:“estamos dando passos à frente na resolução do problema ou estamos apenas preenchendo canvas e colando post its?”— deve ser a pergunta que fazemos em cada etapa do projeto.
Por isso o domínio do processual é tão importante: não basta tentar achar as respostas corretas para o problema que você está tentando resolver, é importante que você saiba escolher qual processo vai te levar a essas respostas. Assim como um médico experiente que consegue ver um exame e saber qual o remédio necessário, o designer precisa escolher dentre o vasto arsenal de metodologias disponíveis, qual a melhor abordagem a ser usada.
Como garantir a lisura do processo e dos resultados
É muito difícil ter a garantia de alguma parte do processo de design não seja enviesada em algum nível. Porém, é possível reduzir muito a parcialidade dos resultados. Para isso, é necessário cruzar diferentes dados com diferentes metodologias para provar um mesmo resultado.
- Os resultados são claros e convincentes?
- A equipe concorda com o direcionamento do projeto?
- Estamos confortáveis com o que descobrimos?
Não se prova um indício usando o mesmo método, com a mesma equação. Assim como é inviável seguir em frente com hipóteses mal validadas e que deixam o time inseguro quanto aos seus desdobramentos. A revalidação contínua é o único método anti erro confiável.
E para fechar o ciclo, tudo o que será validado e revalidado será via metodologias de design. Façam delas aliadas, nunca inimigas.
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Fransuel Nascimento
UX Designer and instructor

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